O fenómeno da internet tem cerca de 35 anos, mas o seu verdadeiro valor e impacto foi sentido na passagem do milénio e do século em que vivemos, sendo que desde então a sua importância tem sido alavancada para patamares, que hoje no planeta Terra, dos mais de 7 mil milhões de habitantes no nosso «globo», a internet está em todo o lado e somos dependentes dela para quase tudo.
A internet como meio de comunicação entre máquinas, dispositivos, veio transformar as empresas e a área das finanças não ficou alheia a esta grande «avalanche» sistémico nas empresas. A área financeira e os seus diferentes serviços: contabilidade, tesouraria, fiscal, orçamental, planeamento e controlo de gestão, gestão de activos, auditoria interna e externa, prestação de contas, etc teve também uma mudança de paradigma, de processos, comportamentos, produtividade, exigência e diligência nos prazos, mas também na qualidade. Além disso, de modo genérico, percebe-se que a imposição de novas leis juntamente com o crescimento da inovação e tecnologia, causou a transformação no formato da Ciência da Contabilidade. “A contabilidade é uma ciência aplicada que evoluiu no decorrer do tempo, mostrando-se cada vez mais importante e imprescindível no quotidiano dos empresários, investidores e utilizadores das suas informações. Na verdade, o investimento em ferramentas tecnológicas de cunho informacional faz-se necessária para que os processos de tomada de decisão sejam compatíveis com os objectivos empresariais” (Moraes et al., 2018). A partir das necessidades da sociedade, a contabilidade passou por diversas mudanças, conforme relatam diversos autores, dentre eles, Sá (1994) aponta que a sua trajectória tornou-se um factor indispensável, de propensão no desenvolvimento do mercado e na gestão empresarial. “Nesse sentido, as tecnologias da informação têm desenvolvido instrumentos específicos para uso na Contabilidade, proporcionando a redução de custos e inovando relativamente à utilização de programas que facilitem a integração de sistemas, gerando assim a possibilidade de melhorar o desempenho das actividades contabilísticas, através da criação de soluções práticas, reais e inovadoras” (Carvalho and Gomes, 2018). “Na verdade, com o decorrer dos anos, a Contabilidade tem sofrido constantes mutações, não apenas legais e fiscais, mas sim no seu teor mais prático. De facto, esta evolução advém da necessidade do mercado em receber informações cada vez mais detalhadas e úteis para a tomada de decisões a nível estratégico” (Lemos, da Silveira and Parmagnani, 2013).
A natureza da responsabilidade dos contabilistas está a evoluir, passando de um simples relato de valor histórico agregado, para a inclusão da medição do desempenho organizacional, fornecendo à gestão informações de apoio à decisão. Tanto os sistemas de informações corporativas, como os sistemas de planeamento de recursos empresariais ERP, fornecem aos contabilistas maior poder de armazenamento de dados e maior poder computacional. Com a “Big Data” extraída de fontes de dados internas e externas, os contabilistas podem, agora, utilizar técnicas de análise de dados para responder às perguntas, incluindo: o que aconteceu (análise descritiva), o que acontecerá (análise preditiva) e qual é a solução optimizada (análise prescritiva). No entanto, pesquisas mostram que “a natureza e o escopo da Contabilidade pouco mudou e que os contabilistas empregam principalmente análises descritivas, algumas analíticas preditivas e um mínimo de análises prescritivas” (Appelbaum et al., 2017). “Os contabilistas têm mais um desafio que é a formação e experiência. As pessoas precisam de tempo para explorar a nova tecnologia e, posteriormente, conseguir trabalhar com as tecnologias de forma correcta e facilmente” (Rasid, Saruchi and Tamin, 2019). o contabilista deve ser um profissional moldável e sedento de actualização, formação e conhecimento constante. Assumindo essa perspectiva profissional, o contabilista estará apto a crescer em conjunto com o avanço tecnológico, que traz para a Contabilidade desafios ímpares, que resultam numa revolução digital. Esta evolução digital reflecte-se na capacidade de transportar tudo aquilo que era documento físico para digital, possibilitando uma maior eficácia temporal e menor probabilidade de erro. Para além disso, esta evolução permite alavancar muito mais informação ao processo contabilístico, porém, é imperativo optimizar essa informação, para que a mesma seja trabalhada da forma mais correcta e eficaz. Nesse sentido, compreende-se que assuntos como facturas electrónicas (sem papel) e o arquivo digital sejam reflexo desta nova imposição digital, e que serão com certeza uma realidade bem próxima no dia-a-dia do contabilista.
Concluindo, que além dos contabilistas estarem preparados para toda esta evolução digital, é fundamental e vital a educação e formação dos empresários e gestores angolanos, para que compreendam os novos trâmites e cumpram com as boas práticas empresariais, colaborando assim com os seus contabilistas e, consequentemente, formando uma sinergia de troca de saberes, experiências e conhecimentos. Contudo, é de frisar que a Contabilidade sofre, neste momento, muitas mutações e que, portanto, é necessária uma grande capacidade de adaptação, inovação e criatividade.
Acredito que esta nova geração de contabilistas contará com todas essas competências e estarão preparados para abraçar este novo paradigma. Sublinho que, esta será uma nova era, mas uma era de crescimento, evolução e dignificação da profissão.
Escrito por Contabilista: Mauro Leandro.
YouTube: Mauro Leandro
WhatsApp: +224 937 600 784
2 Responses
Adorei o conteúdo
Simplesmente brilhante caro Mauro Leandro